sexta-feira, 25 de maio de 2012

Novos horizontes

Hoje eu recebi uma visita muito interessante. Duas testemunhas de Jeová, uma mulher e uma senhora, queriam conversar sobre deus, a bíblia e etc. Não neguei o diálogo e realmente conversei com as duas, com a jovem mais predominantemente. Falando com elas, percebi que realmente gostavam de conversar sobre, uma vez que eu ouvia mais do que falava, e estavam se empolgando em seus discursos. No fim elas queriam apenas entregar-me um folheto, com as "respostas" para algumas perguntas, portanto, não senti necessidade de informar a elas que eu sou ateu. Fui educado, escutei atentamente tudo o que tinham a dizer, apanhei o panfleto, agradeci e entrei em minha casa.

Eu tenho opinião formada para tal assunto, mas isso não significa que eu deva impor isso a outros ou até mesmo desqualificar a opinião alheia afirmando que "todos os outros estão errados".Após ler o folheto, que contém apenas quatro (4) páginas, não consegui mudar nada na minha opinião. Tenho respostas diferentes para as perguntas feitas e discordo das respostas e da fonte de onde as mesmas foram retiradas. O folheto inicia-se argumentando a necessidade de responder algumas perguntas:

1) Será que deus realmente se importa conosco?
2) A guerra e o sofrimento acabarão algum dia?
3) O que acontece depois da morte?
4) Há alguma esperança para os mortos?
5) O que preciso fazer para deus ouvir minhas orações?
6) Como posso encontrar a felicidade?

Bem, antes do folheto responder às perguntas, eles comentam que as respostas a esses questionamentos podem ser encontrados em diversos livros, porém que um discorda do outro, com o tempo se desatualizam e são revisados, então comentam que existe apenas um livro de confiança: A bíblia, pois esta é a palavra de deus. Sinceramente não creio que as escrituras da bíblia sejam confiáveis a ponto de se tornar a única fonte de resposta a essas perguntas. Quer dizer então que em toda a existência do homem existe apenas um livro com "embasamento" para explicar o funcionamento do mundo? É uma forma de pensar que eu não concordo. Existem inúmeros pensadores, filósofos, sociólogos, e outros, que apresentam teorias realmente muito interessantes sobre o mundo.

Quanto a primeira pergunta, "será que deus realmente se importa conosco?", eu inicialmente questiono a existência de um deus. Porque o homem necessita da existência de um ser superior? Quer dizer, concordo que quando os recursos eram escassos para explicar fenômenos, o sol, a lua, entre outros, existia uma necessidade da criação de deus para explicar tais fenômenos. Porém, à medida que a racionalidade do homem vai aumentando, o natural seria que um dia esse tipo de crença se extinguisse. O homem criou deus para explicar sua existência, por isso, a pergunta, em minha opinião, pode ser respondida da seguinte forma:
Se você acredita e realmente se importa consigo mesmo, corra atrás de seu futuro, crie oportunidades.

A segunda pergunta, creio eu, pode ser explicada devido ao sistema político-econômico no mundo. Vivemos em um mundo capitalista, em que os interesses de uma minoria são sobrepostos sobre uma grande maioria. "O homem é o lobo do homem", como já dizia Hobbes, será que o ser humano realmente necessita de um Estado para impor sua vontade diante da sociedade? O sofrimento é algo extremamente relativo, levando em consideração que pode ser causado por outrem e por si mesmo. A guerra é um fator político constante, e que duvido que irá mudar.

A terceira pergunta, na minha humilde opinião, tem uma fundamentação extremamente humana, uma vez que desde os primórdios é feita sem nenhuma resposta exata. O que existe, são vários pontos de vista sobre o assunto. Na minha visão, a vida é finita, crer em algo após é uma tentativa de estender seu período de vida. Portanto, é um modo de pensar que age diretamente com o ego do ser humano. Porque o homem precisa de algo após a morte? A vida é finita, a morte é o fim, com essa colocação, a quarta pergunta também pode ser respondida. Não há necessidade de esperança para os mortos, uma vez que, afinal, não estão mais vivos.

A quinta e a sexta pergunta podem ser respondidas com o que foi respondido na primeira. A felicidade está sempre ao alcance das mão do homem, basta se esforçar para aproveitar as oportunidades e ter confiança em si próprio para realizar seus feitos.

Bem, não estou aqui para dizer o que cada um deve pensar, estou colocando minha opinião, apenas isso. Cada um tem o direito de explicar o mundo da forma que achar melhor. Só espero que os leitores sigam o meu exemplo e não me ofendam nem criem preconceitos sobre outros modo de explicar o mundo, sem nem mesmo conhecer do que se trata. Não sou um monstro, apenas penso diferente, só isso. 



4 comentários:

  1. Resposta à Novos Horizontes de Alexandre Almeida:



    Olá Alê, vamos então ao debate sobre tal assunto.
    Da mesma forma como você expôs acima, não tenho a intenção de impor uma resposta, tanto quanto criticar sua perspectiva. Venho apenas trazer à tona minha interpretação acerca do assunto.

    A primeira pergunta parte do pressuposto da crença em Deus, e isto, por sua vez, considerando sua perspectiva, nos instiga ao questionamento da própria existência de Deus.

    Antes de debater sobre isso, gostaria de deixar bem claro aqui para qualquer leitor que minha posição quanto a isso é única e exclusivamente a de observador, portanto não estou afirmando nem sequer negando a existência do mesmo.

    O fato de que desde os tempos mais remotos os seres humanos, ou qualquer coisa próxima à nossa condição, encontravam uma explicação expressa para tudo aquilo que desconheciam numa crença em algo superior, algum tipo de divindade, é realmente legitimo. Foi assim no passado e não foi diferente com o cristianismo.

    Por mais que os seres humanos tenham evoluído, até o presente tempo, muitas coisas das quais ainda não dominamos (e acredito eu que não existiremos por tempo suficiente para dominá-las), continuamos a buscar uma explicação naquilo que consideramos superior a nós.

    Poderia isso, para alguns, ser considerado a evidenciação da nossa falta de capacidade intelectual. Poderia também, para outros, ser a mais perfeita resposta para o que não conhecemos. Há ainda aqueles (e são os que eu mais desprezo) que passam a vida completamente alheios ao fatores que promoveram seu contexto atual de vida, e vivem paralelamente a isso tudo sem se importarem com nada além do que lhes apetece.

    De fato não há uma resposta conclusiva acerca de tal questão, pois sou daqueles que enxergam a evidente falta de capacidade intelectual do ser humano para compreender a si mesmo. Portanto, talvez fosse mais sábio de nossa parte compreendermos nossa condição de insuficiência e subordinação àquilo que não conhecemos (denominemos a isso como bem entendermos) e parássemos de assumir posições "políticas" acerca do que não nos compete e passássemos a pensar dentro de nossas dimensões, naquilo que pode de fato nos ser útil e preservar nossas relações sociais.

    Voltando-se para a dimensão humana, chegamos a questão das guerras...
    Não! Não acredito no ser humano e não acredito que as guerras terminarão um dia. Não enquanto os seres humanos existirem.

    É intrínseco do ser humano a insatisfação para com aquilo que pode e/ou que possui, o que leva a todos os representantes da espécie competirem entre si para tentar assumir uma posição de maiores privilégios na sociedade. Tendo em vista que alguns desses alcançam cargos poderosíssimos e ainda assim não se conformam, resultam as guerras entre as nações.

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  2. Continuação:

    Temos a evidência disso quando, ao estudarmos Economia, principalmente da PUC-SP, temos um grande contato com as teorias marxistas.

    Karl Marx foi uma pessoa de intelecto poderosíssimo, que produziu toda sua obra afim de promover melhores condições de vida à sociedade. Suas teorias se fundamentavam na revolução por algum tipo de espontaneidade provinda da própria população. O que Marx não contava era o fato de que a própria população não desejava tal mudança.

    Sei que pode parecer impactante para alguém que conhece Marx me ouvir dizer que a população não desejava tal mudança proposta em suas teorias, mas temos que levar em conta alguns conceitos: o primeiro é que por população entende-se a totalidade de indivíduos, ou seja, considerando-se a Europa da época de Marx, a população compreendia inclusive à burguesia. O “grupo de proletariados” ao qual Marx se baseia no Manifesto do Partido Comunista poderia ser considerado como uma população à parte, mas considerando-se a abrangência política da teoria marxista, o mesmo grupo seria apenas uma amostra populacional dentro da população europeia da época, o que seria o segundo conceito a ser considerado.

    Podemos então, a partir disso, tirar por conclusão de que a amostra populacional do proletariado marxista era de acordo com as teorias de Marx pelo único motivo de que se viam em desvantagem na sociedade da época. Seriam os mesmos ainda de acordo com tal teoria se a eles pertencesse o poder? Temos a resposta disso na União Soviética de Stalin, que utilizou-se de teorias comunistas, distorcidas das teorias marxistas originais para empregar uma ditadura sanguinária, da qual os líderes encontravam-se em posições de vantagem dentro do próprio comunismo.

    Portanto, como disse acima, o ser humano não é um ser dotado de bondade (em sua grande maioria), mas sim um animal que vive em bando, mas que porta um instinto assassino de egocentrismo.

    As demais perguntas acredito competirem somente àqueles que apesar de tudo o que os rodeia ainda creem que existe alguém lá em cima coordenando tudo o que acontece cá conosco.

    Quanto a isso acredito ser algo muito pessoal, algo que não deve ser discutido, mas sim tido como uma busca por algum tipo de conforto espiritual, algo que nos ajuda a tentar encontrar uma razão para passarmos por tudo isso e ainda sim seguirmos em frente.

    Afinal de contas, que sentido faria trabalharmos tanto para um dia simplesmente morrermos? Se tudo vai acabar mesmo um dia e vou ser esquecido para o resto da eternidade, então por que raios eu estou aqui?

    Sinceramente......prefiro deixar isso para a hora certa, que não é agora.

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  3. Primeiramente gostaria que você colocasse esse comentário em meu blog, pois alimenta a discussão. Bem, realmente a homem, nos primórdios de sua existência sentia a necessidade de criar seres para, afinal, explicar os fenômenos que o cercavam, no texto eu cito a lua, o sol ...

    Acho inegável a evidência de que a racionalidade do homem se desenvolveu até os dias de hoje, e continua se desenvolvendo. Não creio que seja sábio admitirmo-nos numa condição de insuficiência e subordinação àquilo que não conhecemos. Peço desculpas, mas creio que se fosse realmente verídico, não haveria qualquer avanço na tecnologia, nas ciências (propriamente ditas). Não consigo imaginar o homem subordinado à ideia de que “não se pode entender certos fenômenos, dado todo o avanço racional pelo qual a humanidade passou. O que creio que seja interessante colocar que, apesar do que coloquei acima, concordo que o homem é incapaz de alcançar o conhecimento pleno. Pode-se então fazer uma comparação com o conceito de Utopia, o lugar que é de impossível alcance. Se é possível alcançar determinado ponto, não pode ser considerado Utopia, considero o conhecimento pleno, em todas as suas infinitas ramificações, utópico, mas que não abala o ímpeto de conhecimento da humanidade, e é nesse ponto em que entra a política. Não sei se entendi direito, mas creio que você coloca que é absolutamente tolo assumir posições políticas dado que não existe uma “verdade única”. Se for o caso, vale mencionar que existem contratos sociais estipulados pelo homem que determina justamente o que pode, e o que não pode, ser feito. Logicamente que é difícil encontrar avanços racionais que não envolvam interesses, e quando tocamos nesse assunto, é impossível não encontrar posições políticas.

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  4. Em relação às guerras, creio que seja um grande equívoco colocar que existem pois “as nações mais poderosas não se conformam”, mas sim para impedir o avanço de outros países, portanto é basicamente uma questão de interesse próprio. Tudo bem que Marx foi um intelectual importantíssimo, mas creio que seja extremamente errôneo afirmar que “o proletariado não tem interesse revolucionário na sociedade. Existem registros de inúmeras rebeliões de trabalhadores, a própria revolução francesa, a comuna de Paris .... Não creio que a quantidade populacional interfira nesse quesito, uma vez que a grande maioria sempre foi proletariada. A própria resistência à ditadura militar pode ser considerada uma revolução ao Estado burguês.

    Embora meu texto não tenha atingido para toda essa questão antropológica, não creio que o ser humano seja, em sua essência, maligno. A sociedade o torna mal, o meio onde se vive, as pessoas com que convive, sua educação e experiências, isso sim influencia no caráter do ser humano. O mal não é intrínseco do ser humano, mas sim da sociedade, que o corrompe. Como exemplo disso, pode-se observar qualquer tribo indígena, sem qualquer interação de nossa sociedade, totalmente isolados. A criança que nasce é ensinada sobre os costumes da tribo, se menino, a caçar, lutar e etc. Se menina, a cozinhar, cuidar da crianças e etc. Não existe o “mal” nessa tribo, mas sim em uma sociedade em que existe a exploração do homem pelo homem, ai sim pode-se citar Marx, assim como outros pensadores.

    Concordo que as respostas são bastante pessoais, mas que devem ser debatidas sim, caso contrário não será possível avançar os conhecimentos nesse segmento. São as respostas que instigam as perguntas, não o contrário. Porque a vida deveria ter sentido, considero apenas uma forma do ser humano se sentir mais importante, afinal, é ele próprio que está vivo, e se preocupa com o que vem depois da morte, mas porque tem de haver algo depois? Eu pessoalmente acredito que não existe nada após, a vida é finita, somos nós que damos sentido a ela, com todos os nossos atos e experiências, que só podem ser realizados plenamente com alguns pré-requisitos, como educação e ensino de qualidade. Sinceramente, está mais do que na hora de se discutir esse assunto.
    Bem cara, é isso. Tenta colocar seu comentário no meu blog, se não couber, quebra em dois comentários ou mais, ai eu coloco minha resposta.

    Grande abraço.

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