terça-feira, 29 de maio de 2012

Um pouco de economia política


O Capítulo cinco (5) do livro “O Capital”, K. Marx, trata do processo de trabalho e processo de valorização. O que escreverei nesta postagem é o meu entendimento sobre a aula que inicia este capítulo, de modo que pretendo escrever mais sobre o assunto. Antes de mais nada, julgo necessário explicar sobre os três tipos de processos existentes numa sociedade capitalista.

Tem-se o processo de trabalho, cujo produto é o valor de uso. Portanto, trata-se nada menos do que a reprodução da espécie, seu produto não pode ser considerado mercadoria pois trata-se de dispêndio de energia humana para produzir. Outro ponto importante a ser colocado é sobre o processo de produzir valor, cujo produto é a mercadoria simples. Sua formação pode ser explicada por duas vertentes:

·         Trabalho presente (recursos para produzir);

·         Trabalho passado (equipamentos e instalações).

E para finalizar esta introdução vale mencionar o processo de produção da mais-valia, cujo produto é a mercadoria capitalista, que pode ser explicado através da força de trabalho e também do resíduo deste valor, que pode ser chamado de “mais-valia”. Levando-se em conta os tópicos abordados acima, qual o processo de decisão para produzir? O processo decisório é simples, será produzido se for algo que possa ser feito e, afinal, seja útil!

E qual o fator decisivo sobre a produção da mercadoria simples? O produto, além de ser útil a outra pessoa, tem de ser vendido pelo seu valor, do contrário não será vendido. Porém, o terceiro item é o que diferencia o sistema capitalista de produção. Qual o objetivo da mercadoria capitalista? O lucro, ou seja, a mais-valia! Tem de possuir os recursos para produzir, tem de ser útil a outra pessoa, tem de ser vendido pelo seu valor e, o mais importante, tem de trazer lucro, do contrário não será vendido. Existe um aumento das exigências, o condicionamento se estreita, sendo o lucro o fator mais importante de decisão.

Já terminada esta etapa de explicação de processos de produção, creio que seja interessante explicitar o conceito de mais-valia. Ora, este, a mais-valia, é a parte do valor agregado que não fica com o trabalhador. O valor agregado está diretamente ligado com a duração do trabalho, portanto, com a jornada de trabalho. Tendo o conceito explicitado, é possível dividi-la em duas partes:

·         Mais-Valia Absoluta, discutido no capítulo cinco (5) de “O Capital”;

·         Mais-Valia Relativa, discutido no capítulo dez (10) do mesmo livro.

A mais-valia absoluta nada mais é do que o método de produção da própria mais-valia, ou até mesmo, modo de exploração. E existem três (3) pontos fundamentais para identificar esse método de produção:

·         O aumento da jornada de trabalho;

·         O aumento da intensidade do trabalho;

·         Diminuição da cesta (salário) do trabalhador.

Retomando o conceito de que a mais-valia é parte do valor agregado que não fica com o trabalhador, se a jornada de trabalho aumentar, e o salário do operário não, a mais-valia irá aumentar. Como por exemplo, se uma pessoa x trabalha dez horas (10h) por dia, ganhando quatro (4) unidades monetárias diárias, a mais-valia é a diferença entre os dois valores, no caso, igual a seis (6). Porém, se o tempo de trabalho for aumentado para doze horas (12h), mantendo o “salário” constante, temos que a mais-valia também aumenta, no caso, para oito (8). Tudo isso tendo muito cuidado ao analisar a jornada de trabalho do trabalhador, uma vez que pode aparecer disfarçado como segundo emprego, bico ...

O aumento da intensidade do trabalho pode ser explicado por um exemplo simples. Supondo que um trabalhador demore uma hora (1h) para produzir uma (1) cadeira. Podemos deduzir que em doze horas (12h), esse mesmo trabalhador produz doze (12) cadeiras. O aumento da intensidade do trabalho no aumento de cadeiras produzidas, mantendo o tempo de produção constante, faz com que se aumente os esforços desse mesmo trabalhador, fazendo-o produzir, por exemplo, quinze (15) cadeiras em doze horas (12h). Esse conceito pode facilmente ser confundido com a produtividade, o que é totalmente errôneo, pois enquanto a intensificação do trabalho força uma maior produção, a produtividade é o modo diferente de realizar a mesma tarefa, produzindo mais. O ponto de confusão está no fato que em ambos os casos existe um aumento físico na quantidade produzida. Mas o esforço para produzir com o aumento da intensidade de trabalho é maior do que o esforço para produzir com o aumento da produtividade. A tecnologia é um bom exemplo de aumento da produtividade. Uma pergunta pertinente que pode ser feita em qualquer empresa é:

Quando aumenta a produção/hora, o que acelerou esse processo?

A diminuição da cesta (salário) do trabalhador pode ser explicada de forma similar ao aumento da jornada de trabalho. Porém, neste caso temos que o tempo de trabalho do trabalhador se mantém constante, enquanto o salário do trabalhador cai, gerando um acréscimo na mais-valia. Se recorrermos ao exemplo inicial de dez horas (10h) de trabalho por dia, a um salário de quatro (4) unidades monetárias diárias e mais-valia sendo igual a seis (6). Se por acaso o salário diminuir por duas (2) unidades monetárias por dia, trabalhando dez horas (10h), tem-se uma mais-valia igual a oito (8).
Afinal, qual o objetivo do capitalismo? Ora, o lucro. O método descrito acima mostra uma forma de capitalismo que aumenta a produção da mais-valia e do lucro, vamos chamar de "Capitalismo Selvagem". Temos também um outo método para se aplicar o capitalismo, que no caso é o oposto desse método descrito, seria o "Capitalismo Civilizado". Enquanto no primeiro existe uma predominância da mais-valia absoluta, no segundo a mais-valia é relativa pois não há necessidade de aumentar a mais-valia (até certo ponto) para se aumentar o lucro. Em geral, a mais-valia relativa é exemplificada por países como Austrália, Canadá.


sexta-feira, 25 de maio de 2012

Novos horizontes

Hoje eu recebi uma visita muito interessante. Duas testemunhas de Jeová, uma mulher e uma senhora, queriam conversar sobre deus, a bíblia e etc. Não neguei o diálogo e realmente conversei com as duas, com a jovem mais predominantemente. Falando com elas, percebi que realmente gostavam de conversar sobre, uma vez que eu ouvia mais do que falava, e estavam se empolgando em seus discursos. No fim elas queriam apenas entregar-me um folheto, com as "respostas" para algumas perguntas, portanto, não senti necessidade de informar a elas que eu sou ateu. Fui educado, escutei atentamente tudo o que tinham a dizer, apanhei o panfleto, agradeci e entrei em minha casa.

Eu tenho opinião formada para tal assunto, mas isso não significa que eu deva impor isso a outros ou até mesmo desqualificar a opinião alheia afirmando que "todos os outros estão errados".Após ler o folheto, que contém apenas quatro (4) páginas, não consegui mudar nada na minha opinião. Tenho respostas diferentes para as perguntas feitas e discordo das respostas e da fonte de onde as mesmas foram retiradas. O folheto inicia-se argumentando a necessidade de responder algumas perguntas:

1) Será que deus realmente se importa conosco?
2) A guerra e o sofrimento acabarão algum dia?
3) O que acontece depois da morte?
4) Há alguma esperança para os mortos?
5) O que preciso fazer para deus ouvir minhas orações?
6) Como posso encontrar a felicidade?

Bem, antes do folheto responder às perguntas, eles comentam que as respostas a esses questionamentos podem ser encontrados em diversos livros, porém que um discorda do outro, com o tempo se desatualizam e são revisados, então comentam que existe apenas um livro de confiança: A bíblia, pois esta é a palavra de deus. Sinceramente não creio que as escrituras da bíblia sejam confiáveis a ponto de se tornar a única fonte de resposta a essas perguntas. Quer dizer então que em toda a existência do homem existe apenas um livro com "embasamento" para explicar o funcionamento do mundo? É uma forma de pensar que eu não concordo. Existem inúmeros pensadores, filósofos, sociólogos, e outros, que apresentam teorias realmente muito interessantes sobre o mundo.

Quanto a primeira pergunta, "será que deus realmente se importa conosco?", eu inicialmente questiono a existência de um deus. Porque o homem necessita da existência de um ser superior? Quer dizer, concordo que quando os recursos eram escassos para explicar fenômenos, o sol, a lua, entre outros, existia uma necessidade da criação de deus para explicar tais fenômenos. Porém, à medida que a racionalidade do homem vai aumentando, o natural seria que um dia esse tipo de crença se extinguisse. O homem criou deus para explicar sua existência, por isso, a pergunta, em minha opinião, pode ser respondida da seguinte forma:
Se você acredita e realmente se importa consigo mesmo, corra atrás de seu futuro, crie oportunidades.

A segunda pergunta, creio eu, pode ser explicada devido ao sistema político-econômico no mundo. Vivemos em um mundo capitalista, em que os interesses de uma minoria são sobrepostos sobre uma grande maioria. "O homem é o lobo do homem", como já dizia Hobbes, será que o ser humano realmente necessita de um Estado para impor sua vontade diante da sociedade? O sofrimento é algo extremamente relativo, levando em consideração que pode ser causado por outrem e por si mesmo. A guerra é um fator político constante, e que duvido que irá mudar.

A terceira pergunta, na minha humilde opinião, tem uma fundamentação extremamente humana, uma vez que desde os primórdios é feita sem nenhuma resposta exata. O que existe, são vários pontos de vista sobre o assunto. Na minha visão, a vida é finita, crer em algo após é uma tentativa de estender seu período de vida. Portanto, é um modo de pensar que age diretamente com o ego do ser humano. Porque o homem precisa de algo após a morte? A vida é finita, a morte é o fim, com essa colocação, a quarta pergunta também pode ser respondida. Não há necessidade de esperança para os mortos, uma vez que, afinal, não estão mais vivos.

A quinta e a sexta pergunta podem ser respondidas com o que foi respondido na primeira. A felicidade está sempre ao alcance das mão do homem, basta se esforçar para aproveitar as oportunidades e ter confiança em si próprio para realizar seus feitos.

Bem, não estou aqui para dizer o que cada um deve pensar, estou colocando minha opinião, apenas isso. Cada um tem o direito de explicar o mundo da forma que achar melhor. Só espero que os leitores sigam o meu exemplo e não me ofendam nem criem preconceitos sobre outros modo de explicar o mundo, sem nem mesmo conhecer do que se trata. Não sou um monstro, apenas penso diferente, só isso. 



segunda-feira, 14 de maio de 2012

Processo de independência política do Brasil

Brasil – Crise econômica do século XIX



Esse post serve para sintetizar meu entendimento sobre os capítulos 17, 18 e 19, do livro Formação Econômica do Brasil (Furtado), e também sobre a aula expositiva que tive hoje na PUC-SP.

A independência política para um Estado – Nação está diretamente ligado com uma profunda crise econômica. Mas, afinal, quais são as preocupações de Celso Furtado em relação a todo esse processo de independência do Brasil? Ora, destacar as diferenças entre Brasil e EUA no século XVIII/XIX e entender a profunda crise econômica sob hegemonia inglesa.

            Qual a principal crítica às teses explicativas sobre o atraso brasileiro?  A ausência de protecionismo alfandegário! A independência política do Brasil ocorreu em um contexto mais amplo, em que já existiam transformações profundas no capitalismo do século XVIII/XIX. Com a revolução industrial, o capital mercantil perde o significado e fica subordinado ao capital industrial, em que havia investimento de capital na esfera da produção.

            Portanto, vale dizer que surge o modo capitalista de produção, que pode ser dividido em:
  • ·         Trabalho assalariado (mais-valia);
  • ·         Maquinofatura, fator de extrema importância.

Ambos causando expansão da produtividade e da produção. Pode-se dizer então que havia uma necessidade efetiva de ampliação dos mercados. Todo esse modo de produção liberal entrava em conflito com o modo de produção mercantilista das colônias, pois essas novas necessidades capitalistas criavam barreiras no mundo colonial, que possuía prática de mercados exclusivos e escravocratas.

            Então, retomando, a independência do Brasil e sua constituição em Estado-Nação ocorre por uma crise do sistema colonial, causada pela revolução industrial no século XVIII, período no qual a Inglaterra era a “oficina do mundo”, em que o modo capitalista de produção de mercadorias se expandia de tal forma que houve necessidade de expandir os mercados, e o mercantilismo, com seu monopólio, pacto colonial e escravidão, era um obstáculo a ser superado.

            Tendo isso em mente, qual o panorama europeu no início do século XIX? Ora, a Inglaterra foi a primeira nação a se industrializar, a “oficina do mundo”, país em que o livre câmbio, liberalismo, rolava solto. Em Portugal, encontramos uma situação um pouco diferente, em que ainda era uma nação mercantilista “parasitária”. Mantém o império colonial, por subordinação crescente à Inglaterra, porém é o entreposto entre as colônias e a Inglaterra.

            A França, no início do século XIX, estava em plena Era burguesa, com Napoleão no poder, em que se consolidou a conquista de mercados e a revolução burguesa, que se deu pelo confronto com a Inglaterra e nações absolutistas feudais, Portugal, Espanha .....
O conflito com a “oficina do mundo” foi por motivos puramente econômicos, em novembro de 1807 é feito o bloqueio continental. Porém, Portugal e Rússia não cumprem a imposição francesa. No caso de Portugal é importante destacar que havia pressão pelo lado francês, que ameaçavam invadir as terras lusitanas, e dos ingleses, que ameaçavam guerra contra os portugueses. O que ocorre é que a Inglaterra escolta a família real portuguesa enquanto a França simplesmente ocupa Portugal sem qualquer desafio.

Para entender melhor essa situação, vale dizer que o bloqueio continental, imposto pela França, não permitia qualquer relação comercial com a Inglaterra, com intuito de enfraquecê-la. No período em questão, Portugal sofria muita influência inglesa, portanto foi pressionado por ambos os lados, até optar pelos ingleses.

Com a vinda da família real portuguesa ao Brasil, inicia o processo de independência do mesmo, em 1808. Nesse período estabeleceu-se liberdade comercial, fim do pacto colonial e o livre comércio. Em 1822 ocorre a independência política com D. Pedro I e em 1831, o mesmo abdica o poder, que por sua vez passa para representantes dos senhores de terra.

O processo de independência do Brasil foi lento e “pacífico”, uma vez que o poder se encontrava nas mãos de senhores de terra e donos de escravos, da burocracia imperial portuguesa (D. Pedro I) e representante dos interesses ingleses (MG, SP, RJ). E quem fica de fora desse processo? Não há participação popular significativa e existe também o temor de rebeliões de escravos.

O Brasil independente mantém a estrutura colonial de produção:
  • ·        Plantation;
  • ·        Escravidão;
  • ·        Ordem do liberalismo à “moda brasileira”.

Enquanto a Inglaterra se mantinha como hegemonia na economia colonial do Brasil como Estado Nacional. Em 1808, os portos se abrem para os produtos ingleses, encerra-se o monopólio comercial e estabeleceu-se o livre comércio. Em 1810, é feito um tratado de comércio, navegação, paz e amizade entre Portugal e Inglaterra, feitos por Lord Strangford, que incluíam artigos como:

  • ·  Taxas alfandegárias;

                  - 24% ad valorem a todos os países/amigos;
                  - 16% sobre o valor para Portugal;
                  - 15% sobre o valor para a Inglaterra.
  • ·        Controle inglês no mercado brasileiro;
  • ·        Direito de extraterritorialidade para os ingleses;
  • ·        Direitos de exploração de madeiras, .... ;
  • ·        Compromisso de fim do tráfico de escravos para o Brasil, limitação das áreas de comércio de escravos na África.



Bem, inicialmente, é interessante, antes de mostrar a crise econômica em que o Brasil se encontrava no século XIX, mostrar como se deu o desenvolvimento nos EUA com a sua independência. Uma vez que a crise brasileira chega pouco depois da independência do Brasil de Portugal.

Em 1776 os EUA entram em guerra pela própria independência com apoio da França. Com isso é possível traçar o perfil econômico dos EUA. Em que o Sul possuía uma característica agrícola com produtos como o Tabaco e o Algodão (que serão importantes para análise mais para frente), levando-se em conta que o modo de produção era o plantation e que, portanto, utiliza mão-de-obra escrava para produzir.

O Norte dos EUA, que creio ser melhor chamarmos por “Nova Inglaterra”,  ´por ter sido colônia de povoamento possui manufaturas, estaleiros e pesca, além do comércio triangular (Nova Inglaterra – Antilhas – Inglaterra e Nova Inglaterra – África – Antilhas). Portanto é possível afirmar que a Nova Inglaterra era um mercado interno voltado às manufaturas e à acumulação de capital. Com isso é possível classificar a população da Nova Inglaterra em alguns grupos, como por exemplo Trabalhadores assalariados, senhores de terra, escravos, pequenos agricultores, donos de manufaturas, pequenos comerciantes e grandes mercadores. Levando-se em conta que foi  destes quatro últimos grupos que surgiu o ímpeto da independência. Com essa classificação fica claro que se tratava de uma sociedade diversificada e contraditória, uma vez que possuía trabalhadores assalariados e escravos.

Com isso, os rumos econômicos da Nova Inglaterra se traçavam em direção à industrialização e para o Oeste, o qual necessitou de muitos imigrantes europeus atraídos por oferta de terras para fomentar o mercado interno. Tudo isso nos leva a questionar o que se fez em relação às dívidas do Estado Americano com construção de infra-estrutura. Bem, o Estado possui recursos para saldar dívidas através de arrecadação de impostos. Quando estes não são suficientes, lançam títulos da dívida pública para poder saldar estas dívidas. Bem, e como funcionava esse sistema de títulos da dívida pública? Exatamente como funciona hoje em dia, qualquer pessoa pode comprar estes títulos para poder pagar a dívida do Estado, e o mesmo oferece retorno aos credores com juros.

Depois de tudo isso dito, no caso escrito, é importante ressaltar os objetivos econômicos dos da Nova Inglaterra. Este baseava-se fundamentalmente no desenvolvimento industrial favorecido por leis protecionistas. E o grande autor dessa formulação foi Alexander Hamilton, ávido leitor de Adam Smith.

Com isso, podemos começar a explicar a crise econômica que o Brasil se encontrava no século XIX. Com a independência do Brasil, a partir do início do século XIX, os grandes agricultores tornam-se o foco da economia brasileira. A economia agrária, como modo de produção, funcionava como Plantation escravista. Produzindo algodão, tabaco e açúcar (além de couro, erva-mate e outros que não eram o foco de produção). Como organização social, o Brasil dividia-se em dois extremos: Os senhores de terra e os escravos, de modo que entre estas classes possuía-se funcionários públicos, soldados, padres, pequenos comerciantes e brancos, que eram homens livres e pobres e se dividiam entre os que moravam nas cidades  e os que moravam nos campos, os chamados posseiros. Com isso, tem-se que neste período, o crescimento anual médio das exportações era de 0,8% enquanto que o crescimento populacional era de 1,3%. Com isso é possível concluir que existiu um processo violento de empobrecimento, isso é uma primeira aproximação da crise brasileira.

                Uma segunda aproximação nos permite concluir fatores interessantes. Como por exemplo uma análise dos preços dos produtos exportados brasileiros nos períodos de 1821 – 1830 e 1841 – 1850 sofreu uma queda de 40% no mercado interno. E por que motivo ocorre essa queda nos preços? Por causa da concorrência! O açúcar produzido nas Antilhas competia diretamente com o açúcar brasileiro e causava a exportação do mesmo. Enquanto que os EUA produziam algodão causando o mesmo efeito que o açúcar das Antilhas, porém voltado para o algodão, obviamente. Enquanto ocorria essa queda nos preços das exportações, os produtos importados da Inglaterra mantém os preços estáveis. E a junção desses fatores acaba por causar uma balança comercial crescentemente deficitária.

E qual foi a tendência econômica para aquele período? Redução da renda interna, declínio da renda per capita. Também como tendência teve-se o desenvolvimento da economia de subsistência, que era de baixa produtividade resultando no desaparecimento da circulação monetária.

No panorama internacional ocorreu uma impossibilidade de recuperar o dinamismo. Pois o açúcar sofria concorrência das Antilhas, dos EUA, que produziam em Louisiana e em Cuba, e levando-se em conta que a Europa também produzia açúcar, o chamado açúcar de beterraba. O algodão, como já destacado, era produzido nos EUA, juntamente com o arroz. O fumo, tabaco, sofreu declínio das exportações por causa da crise do tráfico negreiro. Couro e erva-mate sofriam concorrência do Uruguai e Argentina.

Com tudo isso é possível compreender a crise na balança comercial. Essa crise financeira podia ser lidada de duas maneiras pelo Estado brasileiro. Com impostos de importação, porém com as taxas ad valorem de 15% eram muito baixas, havia problemas com arrecadação. A segunda forma para se lidar com a crise financeira era através da emissão de moeda, causando inflação.
O que leva o Brasil a empréstimos da Inglaterra, o qual é gasto com navios, fardas e armas. O que nos leva a uma crise cambial que gera uma desvalorização do cruzado (moeda corrente da época) frente à libra esterlina. Portanto, há uma valorização dos produtos importados.


sexta-feira, 4 de maio de 2012

Apresentação


Inicialmente, creio que seja importante fazer uma apresentação formal de minha pessoa antes de fazer qualquer postagem sobre qualquer assunto. Bem, segundo o meu perfil neste mesmo blog, tenho 20 anos, sou aluno de economia na PUC-SP e sempre gostei de manifestar minhas opiniões quanto a diversos assuntos. Escrevo bastante, então é possível que encontrem, de vez em quando, alguns textos/poemas que servem apenas como desabafo de coisas que passam pela minha mente ou que sinto. Bem, vou aproveitar que estou fazendo uma apresentação geral para especificar alguns tópicos que buscam filtrar os comentários produtivos, com o intuito de tornar o debate mais interessante e respeitoso.

 1) Farei o possível para não ofender, de forma deselegante e direta, qualquer pessoa, ideologia ou crença. Portanto, os comentários feitos sobre qualquer postagem devem ter algum embasamento para que, afinal, possa-se debater o assunto em bom nível.

 2)Pode acontecer de algumas críticas, sobre instituições/projetos de lei...., ofender alguém. Peço desculpas a partir deste momento, uma vez que o intuito não é magoar ninguém. O que eu posso dizer é que eu não sou o dono da razão e quero argumentar com os leitores, em um alto nível, para aprofundarmos os assuntos.

 3) Tendo em vista os tópicos descritos acima, deixarei expostos os comentários que forem benéficos ao debate, contrariando ou condizendo com a minha postagem, desde que não haja ofensas diretas para a minha pessoa ou grupo de pessoas/instituições/ideologias.....

 Bem, no momento é tudo que eu consigo imaginar para tornar os debates interessantes a todos os leitores. Gostaria também de fazer uma pequena reflexão sobre, afinal, o que é debater. Este pressupõe que ambas as partes que estão argumentando são aptas a mudar/transformar seus pensamentos, levando-se em consideração todos os argumentos colocados em pauta.

 Espero que esse blog realmente funcione, no sentido de criar o debate, uma vez que tenho várias ideias na cabeça sobre o que escrever. Tentarei fazer ao menos uma postagem por semana, para que não fique muito sobrecarregado para mim, e o período de tempo para discussão seja amplo para o debate. Gostaria de dar as boas vindas aos leitores, e que estes possam oferecer debates produtivos, e é deste modo que dou início a toda uma serie de postagens que pretendo fazer.

 Sejam bem vindos!!!!!